CLUBE ESTUDANTIL DE FILOSOFIA
O texto abaixo desenvolvido como atividade acadêmica do curso de Filosofia, aborda o modelo de governo proposto por Maquiavel e as noções de estado social, contrato social e vontade geral em Rousseau.
Além
desses dois teórico é importante também fazer a leitura sobre a
concepção de outros teóricos, como Hobbes e Locke, principalmente para
entendermos a gênese da sociedade civil.
Ética e Filosofia Política: concepções de Maquiavel e Rousseau
Pós Graduada: Joyce Allane Apolinário Ferreira
FERREIRA, J.A.A.
O
italiano Nicolau Maquiavel defende um modelo de governo centralizado na
figura de um Príncipe, e que esse seja capaz de organizar a sociedade,
com postura, sendo temido e amado. Maquiavel propõe isso em sua obra o
Príncipe, escrita na busca de uma solução política para sua Itália,
onde ele sugere que o monarca governante deveria ser um príncipe. Nessa
obra Maquiavel propõe uma nova ética, com um novo conceito de virtude,
voltada mais para a política e não para o ideal moral do pensamento
medieval. (pensamento de Aristóteles). “A política, portanto, constitui
uma ciência autônoma e independente de qualquer sistema ético ou
religioso” (ULBALDO, 2005). Por isso, para ele "os fins justificam os meios",
ou seja, tendo em vista o bem comum abandonam-se as regras éticas e “se
necessário, o príncipe pode chegar até a traição; o importante é que
justifique o seu comportamento com uma aparência de legitimidade”
(ULBALDO, 2005).
Pouco
preocupado com a ética e a moral Maquiavel se difere nesse ponto de
Rousseau que se preocupa com a vontade geral e interesses comuns. Para
Rousseau os homens têm a garantia de liberdade e igualdade dada pelas
leis (vontade geral), onde eles para não viverem no "Estado de
Natureza" passam a administração ao Estado que é limitado pelo poder do
povo - CONTRATO SOCIAL. Os homens através desse contrato transferem os
direitos naturais para serem transformados em direitos civis. Mas as
necessidades, a civilização, a ascensão da burguesia capitalista na
sociedade moderna, criam a propriedade privada, onde o homem é
corrompido ao egoísmo.
Para
Rousseau o homem nasce bom e livre [bom selvagem], mas sua maldade veio
com a sociedade, que na sua organização, impôs a servidão, a escravidão
e a propriedade privada, que favoreceram a classe dominante em
detrimento da maioria - classe trabalhadora. Isso fez com que aflorasse
a desigualdade entre os homens, a valorização do ter e não do ser.
Rousseau faz uma crítica à sociedade moderna em o Discurso Sobre A Origem da Desigualdade Entre Os Homens.
Tanto
Maquiavel quanto Rousseau se preocuparam em estabelecer uma forma de
governo, e ambos reconheceram a corruptibilidade dos poderes políticos.
Mas, no entanto um [Rousseau] defendeu a idéia de um governo justo e
que atendesse a vontade geral e o outro [Maquiavel] um governo onde a
vida política é governada por princípios básicos: o desejo dos grandes
de oprimir e o desejo do povo de não ser oprimido.
Quando
Maquiavel estabelece a postura do principado ele alerta para a
necessidade de “aprender a não ser bom”, onde ao governar o príncipe
não precisa se ater ao bem comum, diferentemente de Rousseau, que
defende o modelo de governo onde o governante trabalhe para o povo -
que é soberano.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
UBALDO, Nicola. Antologia Ilustrada de Filosofia: das origens à Idade Moderna. 1ª Ed. São Paulo: Globo, 2005.
UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO: Lógos e Práxis: leituras de Filosofia Antiga, Ética e Política.PANSARELLI, D. A política no mundo moderno: Autonomia da Política em o príncipe de Maquiavel. São Bernardo do campo: Ed. Do Autor, 2010.
UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO: Lógos e Práxis: leituras de Filosofia Antiga, Ética e Política.PANSARELLI, D. Liberdade natural e liberdade civil na filosofia política de Jean-Jacques Rousseauia da Política em o príncipe de Maquiavel. São Bernardo do campo: Ed. Do Autor, 2010.
